O novo salário mínimo começa a valer nesta segunda-feira (1°), Dia do Trabalho. Agora, o valor passa dos R$ 1.302 para R$ 1.320 mensais, um reajuste de 1,38%, que representa um aumento de R$ 18.
No último domingo (30), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, confirmou o novo valor da remuneração básica e ampliou a faixa de isenção do Imposto de Renda.
Segundo especialistas ouvidos pelo R7, a medida vai injetar aproximadamente R$ 10 bilhões na economia do país. Por outro lado, o governo gastará mais R$ 7 bilhões por ano.
A projeção da adição de R$ 10 bilhões ao mercado é do economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) Ulisses Ruiz de Gamboa, que prevê um estímulo ao consumo e à produção de riquezas, além da geração de empregos.
Para o especialista, o reajuste é “bem-vindo” por causa “da situação em que as famílias estão vivendo, pela corrosão do poder de compra [que sofreram]”.
A demanda, porém, “não vai aumentar na mesma proporção”, porque “as famílias estão endividadas”, explica o economista. Segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo), oito em cada dez (78,3%) famílias diziam estar com contas atrasadas em março.
Mesmo com o aumento na remuneração, um endividado pode optar por quitar dívidas ao invés de consumir, mesmo que haja estímulos do governo em direção às compras — fenômeno observado no primeiro mandato de Dilma Rousseff.
Em sentido semelhante, o Instituto Locomotiva estima que o novo salário mínimo vá injetar R$ 9,5 bilhões na economia nacional.
“O cálculo considera beneficiários do INSS, empregados, autônomos e empregadores que recebem rendimento equivalente ao salário mínimo. Em 2023, esses grupos representam aproximadamente 60,3 milhões de pessoas”, justifica a entidade.
Prejuízos
Já para a economista do C6 Bank Claudia Moreno, o reajuste “não tratá muito impacto [positivo]” aos negócios no Brasil. Ela prevê, ainda, que a medida vai aumentar as despesas do governo em R$ 7 bilhões por ano.
Isso pode acontecer porque o salário mínimo é usado como piso para muitos cargos públicos e pagamentos de benefícios sociais. O valor do mínimo é usado como piso, entre outros repasses do governo, para as aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), do BPC (Benefício de Prestação Continuada) e seguro-desemprego.
“Na nossa visão, a taxa de desemprego da economia está relacionada ao crescimento da atividade, em particular do setor de serviços, que é mais intensivo em mão de obra. Não acreditamos que o aumento do salário mínimo tenha impacto relevante sobre o desemprego”, declara a economista do C6 Bank.
Na visão de Ulisses Ruiz de Gamboa, da Associação Comercial paulista, outro ponto negativo do salário mínimo maior é um possível aumento da inflação ou “que ela teime em baixar”.
Além disso, ele diz acreditar que o reajuste pode resultar em mais trabalhadores em situação de informalidade: “À medida que o trabalhador sai mais caro, o empregador pode diminuir a folha de salários”.
A ligação direta entre aumento de salário mínimo e crescimento de desemprego ou informalidade não é consenso entre os estudiosos de economia. Para uma ala dos economistas, quanto maior o piso legal, maior o desemprego e o número de pessoas no trabalho não regular. Porém, há outro grupo que não vê dessa forma.
Anúncio do presidente
O anúncio do reajuste do salário mínimo foi feito pelo presidente Lula em fevereiro — ontem, em cadeia nacional de rádio e televisão, ele ratificou o novo valor. Durante a campanha eleitoral, o petista prometeu aumento da remuneração básica acima da inflação.
Desde o dia 1º de janeiro, com medida anterior ao mandato do chefe do Executivo, o piso oficial passou de R$ 1.212 para R$ 1.302.
Como o reajuste ficou em 7,42% e a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado no ano passado foi de 5,93%, o ganho real já havia atingido 1,41%. Agora, com o aumento de R$ 18, será acrescida a elevação de 1,38% a partir deste 1º de Maio.
R7