Rio - Ministro de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio Almeida se manifestou, neste sábado, sobre a morte de Jessica Vitória Canedo, após ela ser vítima de fake news, apontada como affair de Whindersson Nunes. O advogado ressaltou as consequências das mentiras e comentários de ódio feitos em redes sociais e disse que "regulação das redes sociais é imperativo civilizatório".
"Em menos de um mês este é o segundo caso de suicídio de pessoa jovem - e que guarda relação com a propagação de mentiras e de ódio em redes sociais - de que tenho notícia. Tragédias como esta envolve questões de saúde mental, sem dúvida, mas também, e talvez em maior proporção, questões de natureza política", escreveu o ministro, em uma postagem no X, antigo Twitter.
"A irresponsabilidade das empresas que regem as redes sociais diante de conteúdos que outros irresponsáveis e mesmo criminosos (alguns envolvidos na política institucional) nela propagam tem destruído famílias e impossibilitado uma vida social minimamente saudável. Por isso, volto ao ponto: a regulação das redes sociais torna-se um imperativo civilizatório, sem o qual não há falar-se em democracia ou mesmo em dignidade. O resto é aposta no caos, na morte e na monetização do sofrimento", completou.
Deputado estadual de São Paulo, Eduardo Suplicy compartilhou a publicação e comentou: "Nos últimos dias acompanhei o desfecho trágico no caso de jovens que tiveram sérias complicações de saúde mental ao serem vítimas de violências nas redes sociais. É urgente que a legislação intervenha e responsabilize os que propagam inverdades e fake news".
Entenda _
A estudante Jéssica Canedo morreu aos 22 anos após ser vítima de fake news ao ser apontada como affair de Whindersson Nunes. No Instagram, ela, que sofria de depressão, chegou a negar o relacionamento com o humorista e citou os ataques que estava recebendo. "E eu quero fazer uma pergunta diretamente para quem está fazendo isso: o que ou quanto você está ganhando? Se seu problema é comigo, se você tem algo contra mim, por que não me chama e a gente resolve isso de uma vez por todas? Até quando você vai ficar fazendo esse tipo de ‘brincadeira’? Até quando você vai fazer com que eu seja ridicularizada, xingada, ameaçada, e continue perdendo pessoas que eu amo?", quis saber.
"Isso já passou muito além do limite....Se passar por outra pessoa, é crime! E você vai responder judicialmente por todo esse transtorno e vexame", disse. "Também peço que respeitem o Whindersson, ele não tem culpa do nome dele ter a proporção que tem, muito menos de quem tira proveito disso para fazer maldade com outras pessoas. Só existem dois culpados nessa história e não somos nós dois", completou.
Ela ainda revelou que tentou suicídio por três vezes neste ano, já que sua saúde mental não estava boa. "Eu não posso lidar com esse tipo de exposição (da qual não foi ocasionada por mim). Esse foi o ano mais difícil da minha vida, só agradeço por ter chegado em dezembro com vida. Não que seja do interesse de ninguém, mas eu tentei contra minha vida 3x, tive inúmeras internações. Em anos, foi a primeira vez que eu fui levada de ambulância e dei entrada direto na emergência. Tenho as cicatrizes que me lembram todos os dias de tudo que me aconteceu e de tudo que tive que lidar nesses 12 meses que mais pareceram 12 anos. Cresci, amadureci.. mas também apanhei me da vida. Sabe porque estou dizendo isso? Pra vocês imaginarem como deve estar minha mente tendo que ler todos esses absurdos, todas essas ameaças. Eu já sofro de fobia social, imagina o que eu vou fazer agora com tanta gente me ameaçando?".