A defesa de Marcelo Costa Câmara, tenente do Exército e ex-assessor de Jair Bolsonaro, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (23) novo pedido de depoimento para o investigado por suposto golpe de Estado.
O militar compareceu à sede da Polícia Federal (PF), mas optou pelo silêncio. Segundo o advogado, o investigado quer falar sobre o episódio.
depoimento ocorreu na última quinta-feira (22), em Brasília. Câmara chegou ao local acompanhado de seu advogado, Luiz Eduardo Kuntz, que também faz a defesa de Tércio Arnaud, que também prestou depoimento à PF no mesmo horário. O militar optou pelo silêncio, uma vez que seu advogado acompanhava o outro cliente.
Câmara é apontado pela PF como responsável por um suposto sistema paralelo de inteligência que monitorou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, durante o governo Bolsonaro. A reportagem apurou que ele foi levado de volta ao batalhão onde está detido porque seu advogado não estava presente.
“Contudo, o coronel não teve oportunidade de responder as possíveis indagações inerentes ao ato, uma vez que a autoridade policial, sob o reprovável argumento de que não havia tempo hábil para a realização de sua oitiva, haja vista o adiantado da hora, decorrente do depoimento de Tércio Arnaud, interessado também patrocinado por esta defesa”, diz trecho do documento.
“O peticionário, além de ver tolhido seu direito a autodefesa — constitucionalmente previsto e assegurado —, restou, lamentavelmente, coagido — já que a sua intenção é a de colaborar com as investigações e com a correta elucidação dos fatos respondendo todas as perguntas possíveis — a permanecer silente, sem o devido acompanhamento de sua defesa técnica”, acrescenta.
O advogado Luiz Eduardo Kuntz disparou críticas à PF. “Algo totalmente novo, reprovável e que não se pode admitir em um Estado Democrático Direito”, disse na petição apresentada ao STF.
Em depoimento simultâneo à PF, aliados e o ex-presidente Jair Bolsonaro usaram estratégias diferentes para se defender da suspeita de tentativa de golpe de Estado. Enquanto o ex-presidente e Braga Netto ficaram em silêncio durante a oitiva, o presidente do PL respondeu às perguntas. Foram colhidos 13 depoimentos de investigados na Operação Tempus Veritatis.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, suspendeu o pagamento dos salários do ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto e de Marcelo Câmara. No partido, Braga Netto ganhava cerca de R$ 40 mil, enquanto Câmara recebia R$ 20 mil. O primeiro é general do Exército Brasileiro e o segundo é, coronel. Eles recebem salário das Forças Armadas, de R$ 35.294,02 e R$ 27.500,40 brutos, respectivamente, de acordo com o Portal da Transparência.