Moradores de pelo menos cinco bairros em Maceió, capital de Alagoas, estão vivendo o risco de colapso em uma das minas da Braskem, que pode provocar o surgimento de uma imensa cratera. A empresa realiza desde 1970 a extração de sal-gema, minério utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC.
Essas minas são como cavernas e ficam sob uma lagoa. O topo dessas cavernas pode colapsar a qualquer momento. Os possíveis impactos ambientais são imprevisíveis.
A gravidade da situação levou a prefeitura a decretar situação de emergência, depois que cinco tremores de terra foram registrados neste mês. O bairro do Mutange, onde fica a mina de número 18, foi esvaziado, mas cerca de 23 residências ainda seguem ocupadas, pois os moradores ainda não foram incluídos na lista de indenizações.
Na última quarta-feira (29) o Hospital Sanatório, no bairro Pinheiro, vizinho ao Mutange, foi evacuado em meio ao risco de afundamento de terra. No entanto, a Defesa Civil descartou a evacuação no bairro, apenas em Bebedouro e Bom Parto, que ficam mais próximos.
Todo o processo da mineração na capital alagoana começou na década de 1970, com autorização do poder público. Em 2019, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) apontou que a exploração era feita de forma inadequada. Por isso, desestabilizou as cavernas subterrâneas que já existiam nos bairros, causando o afundamento do solo e, consequentemente, as rachaduras nos bairros de Pinheiro.
Desde então, mais de 14 mil imóveis estão condenados, o que prejudicou a via de cerca de 55 mil pessoas. Uma nova equipe do CPRM está em Maceió para avaliar o problema, que é monitorado também pela Defesa Civil Nacional.
A Braskem, em nota, disse que “a área de serviço da empresa, onde são executados os trabalhos de preenchimento dos poços, está isolada desde a tarde da terça-feira (28), em cumprimento às ações definidas nos protocolos de segurança”.
A companhia também afirma que apoia a realocação emergencial dos moradores que ainda resistem em permanecer na área de desocupação. “Essa realocação emergencial foi determinada judicialmente, e está sendo coordenada pela Defesa Civil”, diz a nota.
A realocação preventiva de toda a área de risco foi iniciada em novembro de 2019, e 99,3% dos imóveis já estão desocupados, segundo a Braskem.